RUTH SILVIANO BRANDÃO
( BRASIL – MINAS GERAIS )
Graduação em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (1965), mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (1978) e doutorado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (1989).,
Pós-Doutorado pela Universidade de Paris8. Atualmente é professora aposentada pela Universidade Federal de Minas Gerais e Professora Visitante Nacional Sênior do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Ouro Preto.
Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, e Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura, psicanálise, Machado de Assis e Lúcio Cardoso.
Escritora, tradutora, autora de vários livros de ensaio, como Mulher ao pé da letra (2a. edição pela Ed. UFMG), Literatura e psicanálise (Ed. UFRS), A vida escrita (Poslit/ UFMG/ 7Letras), além de 1 romance Para sempre amada, 1 livro de contos e 3 de poesia.
Traduziu O nascimento da poesia-Antonin Artaud de Jean-Michel Rey, pela ed. Autêntica de Belo Horizonte.
Desde novembro de 2010, é Professora Visitante Nacional Sênior da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Terminei meu estágio de Professora nacional visitante Sênior no ICHS da UFOP em novembro de 2012. É Pesquisadora nível I do CNPq.
Informações coletadas do Lattes em 30/05/2023×
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ENTRELINHAS , VERSOS CONTEMPORÂNEOS MINEIROS. Organização: Vera Casa Nova, Kaio Carmona, Marcelo Dolabela. Belo Horizonte, MG: Quixote + Do Editoras Associadas, 2020. 577 p. ISBN 978-85—66236-64—2 Ex. biblioteca de Antonio Miranda
De peixes e pássaros
Joguei minhas palavras aladas ao peixe dourado.
Ele voltou às águas líquidas que o protegem
da magia do amor. Joguei de novo minhas palavras líquidas
nas águas misteriosas do mar. Não houve resposta só o ruído
do mergulho em ondas fugidias do mar.
Joguei de novo minhas palavras aladas
ao peixe que escapuliu para o mar. Vi que as palavras aladas
apontavam para o pássaro, mas o pássaro, este, sabia voar
para inéditas paragens e o perdi. Joguei minhas palavras ao vento
que voava com o pássaro e com o peixe que deslizava no mar.
E tive que aceitar o silêncio.
As palavras não têm o raro poder de serem moradas do amor.
Fui ao silêncio que resguarda a dor
mas o silêncio só me fez voltar ao mesmo silêncio
onde me refugiei. Vi que era o meu pousos onde
espero o pássaro alado que escapa sempre.
O pássaro, sabe que o persigo. Sabe também
da astúcia do voo que não o deixa se fazer capturar.
Mas não sabe da alegria do amor e digo a ele
o que o poeta inconfidente disse um dia à mulher amada:
por que pensas que podes resistir ao amor?
O que ganhas com tua solidão
logo que pressentes a magia do amor?
E ela lhe respondeu, talvez:
ganho a solidão que me basta.
Deste mundo
Não sou deste mundo
disse o poeta de olhos negros
e mãos inquietas
nem eu, repliquei
mas tenho enormes pés
presos por garras no chão
e
minhas mãos revolvem a terra
e
meus olhos sentem o sol
que alumbra o mundo.
Perdi uma pérola
Perdi uma pérola
não me importa a pérola,
mas a concha
que devia permanecer fechada
em seu mistério.
Ter amado não acaba
Ter amado não tem fim
Ter amado chama inapagada
Amor talhado no duro eco dissonante
Ter amado sulca o corpo amante
Berço, ventre e tumba.
Anjos brancos
Não sei de onde vêm meus anjos
brancos
transparentes
alados
de vidro
inquebráveis como um sonho
indormido.
Anjos de longas asas
cobrem palavras
que se dizem aladas
brilham com luz branca sem ofuscar
a visão do dia.
existem em brancas páginas
pela insistência como aparecem.
Rápidos,
fugazes,
mas
vivos.
*
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Página publicada em maio de 2024
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